‘Globo Repórter’ (18/03/2022): Reciclagem de lixo como meio de subsistência

(Foto: Reprodução/TV Globo)

Invisibilizados pela sociedade, catadores de lixo, muitos deles moradores de rua, são os responsáveis por recolher 80% de tudo que é reciclado no Brasil. Os dados serão apresentados no ‘Globo Repórter’ do dia 18-03-22, que joga luz no trabalho desse verdadeiro exército que ocupa as ruas de todo Brasil. O programa mostra também como o lixo tem transformado a vida deles e de quem tira dali o próprio sustento. Os exemplos vêm de todo o país. Em São Paulo, o programa encontrou a influenciadora digital Anne catadora, que ensina o descarte responsável para seus mais 124 mil seguidores.

Em Cascadura, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Eduarda Samontezze produz vaso de flores com jornal, um minicloset com papelão e cola caseira e uma casa, cuja base é feita com tubos de pvc que ela recolheu de uma obra. “Eu vim de uma família desestruturada e muito pobre. Era muita violência. Eu cresci ouvindo que eu era um lixo e já estava fadada ao fracasso. O descartável, o que não serve, o que não tem brilho, me proporcionou o extraordinário”, conta Eduarda Samontezze, que também encontrou na reciclagem uma terapia para se tratar do autismo. Na casa de Eduarda, o repórter Rogerio Coutinho também conhece uma iniciativa que transforma lixo orgânico em adubo. “O que me impressionou foi a capacidade criativa do ser humano, de transformar o lixo em dinheiro e gerar emprego”, comenta Rogério, que ainda conversou com o jornalista André Trigueiro sobre o impacto que essas microrevoluções têm na nossa na sociedade.

Na cidade de Cabaceiras, na Paraíba, conhecida como Roliúde Nordestina, onde foram rodados mais de 50 filmes, entre eles ‘O Auto da Compadecida’ (2000), ‘Cinemas, aspirinas e urubus’ (2005), ‘Onde nascem os fortes’ (2018), a história que daria um ótimo roteiro é da jovem Maria Clara, de 11 anos. Filha de um artesão, ela se incomodou com a quantidade de material que o pai desperdiçava em sua loja de calçados e decidiu reaproveitá-los. Hoje usa as sobras de couro para fazer pulseiras, tiaras e cordões, que ela mesma vende na escola.

Em Ilhabela, litoral de São Paulo, o ‘Globo Repórter’ descobriu outro programa de reciclagem ainda raro no país que, ao transformar de guimba ou bituca de cigarro em papel reciclado, beneficia alunos da APAE. Segundo dados apresentados no programa, cerca de dois milhões de toneladas de restos de cigarro vão parar nos nossos mares todos os anos, quantidade que daria para cobrir sete mil campos de futebol.

“Foi emocionante ver como o produto da reciclagem das bitucas pode transformar tantas vidas, dos artesãos de Ilhabela aos alunos da APAE. E eu juro: sem nenhum resquício do fedor das bitucas! Isso mostra o potencial imenso que a vontade humana tem de mudar a realidade do descarte inadequado de material que poderia ser reaproveitado, que poderia virar renda e arte nas mãos de tanta gente que precisa”, elogia a repórter Ana Paula Campos, que conheceu o projeto.

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